terça-feira, 22 de julho de 2008

Albinos são mortos para prática de bruxaria na Tanzânia

Curandeiros vendem 'poções de riqueza' feitas dos órgãos dos albinos.

Os albinos na Tanzânia estão pedindo proteção especial depois de uma série de assassinatos ligados ao tráfico de órgãos para a prática de bruxaria, segundo apurou uma investigação da BBC.

Somente neste ano, 25 albinos já foram assassinados no país, entre eles um bebê de sete meses. Os órgãos das vítimas são usados por curandeiros que convencem seus clientes que poções feitas de pernas, cabelos, braços, sangue e mãos dos albinos podem deixar uma pessoa rica.

A feitiçaria e as práticas ocultas têm um grande apelo nesta área do mundo, especialmente em áreas rurais mais remotas perto da região de pesca e mineração de Mwanza, próxima das margens do Lago Victoria.

A polícia da cidade de Dar es Salaam diz estar intrigada para descobrir a razão pela qual as mortes estão acontecendo neste momento. No entanto, alguns oficiais acreditam que o crime organizado possa estar por trás dos assassinatos.

O presidente da Tanzânia, Jakaya Kikwete, está pressionando a polícia para identificar as residências dos albinos e oferecer proteção.

Crimes

Uma reportagem da BBC no país enviou um homem disfarçado como um "cliente" para procurar um dos curandeiros e descobrir como funciona o esquema das poções.

O curandeiro informou o "cliente" em potencial que partes do corpo de albinos poderiam ser obtidas sem dificuldades, mas a um preço.

A polícia está investigando estas alegações. Apesar disso, as investigações sugerem que alguns policiais podem estar envolvidos no tráfico de órgãos e poderiam estar sendo pagos para não investigar estes crimes.

A repórter da BBC Karen Allen, que participou das investigações, afirma que 173 pessoas, entre curandeiros, clientes e intermediários já foram presas por envolvimento com os assassinatos, mas nenhuma delas foi acusada formalmente.

Segundo a Associação de Albinos da Tanzânia, apesar de apenas 4 mil albinos estarem oficialmente registrados no país, o número real poderia chegar a 173 mil. O governo ordenou um censo para verificar os dados sobre a população albina no país.

"Todo o pai que está criando uma criança albina na Tanzânia atualmente tem o direito de estar amedrontado. As histórias dos jovens que estão sendo roubados dos braços de seus pais ou atacados no caminho para a escola são, francamente, horrendas", afirmou Allen.

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