Cientistas da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, descobriram como fortificar a planta da mandioca com vitaminas, minerais e proteína suficientes para dar aos pobres e subnutridos nutrientes suficientes para um dia inteiro em uma única refeição.
"Este é o mais ambicioso projeto de engenharia genética de vegetais já tentado", afirmou o chefe da equipe internacional, Richard Sayre, professor de biologia molecular e celular de vegetais da Universidade de Ohio.
"Algumas estratégias de biofortificação têm o objetivo de fornecer apenas um terço das necessidades nutricionais diárias de adultos porque os consumidores costumam conseguir o resto de suas necessidades nutricionais de outros alimentos em sua dieta. Mas os preços globais dos alimentos recentemente subiram muito, e com isso muitas das pessoas mais pobres agora estão consumindo apenas uma refeição por dia."
O pesquisador acredita que a mandioca fortificada vai ser útil "não apenas nas regiões onde as pessoas são subnutridas mas nos países em desenvolvimento em geral, onde os alimentos se tornaram tão caros que as pessoas não têm mais poder aquisitivo para a dieta diversificada que costumavam ter".
Fonte primária
A mandioca faz parte da alimentação diária em muitos países em desenvolvimento. Cultivada amplamente na América do Sul, a Manihot esculenta é fonte primária de calorias para cerca de 800 milhões de pessoas em todo o mundo. A mandioca, contudo, é composta quase que totalmente de carboidratos e, portanto, não fornece todos os nutrientes necessários.
Em um trabalho científico apresentado na Conferência da Sociedade Americana de Biologia Vegetal, realizada em Mérida, no México, os pesquisadores disseram que, além do reforço nutricional, eles também tornaram a planta resistente a pragas através de manipulação genética.
Uma doença causada por um vírus reduz colheitas de 30% a 50% em muitas áreas da África Subsaariana, dizem os pesquisadores.
Eles estão realizando ainda estudos para aumentar a vida durabilidade da mandioca, permitindo que ela seja armazenada por mais tempo. Esta experiência envolveu o desenvolvimento de uma espécie híbrida resultante do cruzamento de duas plantas nativas do Texas e do Brasil.
A estratégia, ainda em desenvolvimento, vai combinar as propriedades destas plantas e genes adicionais que funcionam como antioxidantes, retardando o processo de apodrecimento.
Testes de campo
A equipe de cientistas espera testar a mandioca fortificada transgênica em pelo menos dois países africanos, no projeto BioCassava Plus.
"Nós começamos testes de campo em Porto Rico para nos certificarmos de que as plantas se desenvolvam bem tão bem quanto o fazem em estufas, e nós esperamos começar testes na Nigéria e no Quênia até 2009", afirmou Sayre.
Em laboratório, os cientistas usaram várias técnicas apra melhorar o tipo de mandioca usado na pesquisa. Eles empregaram genes que facilitam o transporte de minerais para produzir uma raíz que acumule mais ferro e zinco do solo. Para fortificar as plantas com uma forma de vitamina E e beta-caroteno, eles introduziram genes na planta que aumentam a produção de substâncias precursoras de ambos.
A equipe do projeto BioCassava Plus, finaciado pela Fundação Gates, inclui especialistas americanos, suíços, ingleses, colombianos e nigerianos, entre outros.